Revirou o velho baú. No lugar da poeira, encontrou a novidade.
Novidade com cheiro de grama molhada. Grama mais verde que a de qualquer vizinho.
Os pés abandonaram as asas e pisaram firmes no chão. Resolveu caminhar. Nesse instante percebeu que as borboletas deixaram sua casa escura e ganharam a liberdade. Voavam livres porque nasceram pra isso.
O olhar perdido, encontrou. Lá estava ele! Colocou-o em seu lugar e passou a enxergar o mundo novamente. O horizonte, sempre tão altivo e distante, possuía agora todas as cores do arco íris e cintilava num pra sempre sem começo nem fim.
O mundo sorria e retribuir era o mínimo que podia fazer.
E então abriu os braços, se preparou para os abraços da brisa que fazia carinho no rosto. A língua dançou por toda a boca e assim,molhada, beijou o futuro, que enfim se fez presente.
Por que demorou tanto?- perguntou.
Ele então respondeu... "Sempre estive aqui, aprisionado a este velho baú de lembranças mesquinhas, esperando pelo dia em que viesse me libertar!"
Penso.Logo,sofro!
segunda-feira, 11 de julho de 2011
sexta-feira, 8 de abril de 2011
Realengo
Sonhei...
E no meu sonho vestia branco, mochila nas costas, dentro dela a paz.
Recarregava o meu peito com esperança e atirava a esmo pelas salas e corredores. Sorria.
Derrubava sem dó todo o medo, agonia, sofrimento, pânico.Caíam diante de mim, agonizantes.
Sufoquei o ódio, dilacerei a loucura, assassinei a covardia. A piedade, dela não se apiedou.
Estendi a mão para crianças que, encharcadas pelo amor, encontravam o paraíso.
Um lençol branco elevei aos céus, como a bandeira de um novo mundo. A felicidade era real.
Mas o sonho não.
segunda-feira, 4 de abril de 2011
Dia de sol
Abriu a cortina e sentiu tristeza. O dia estava lindo. Não combinava. Queria ver as nuvens carregadas no céu, queria ouvir a chuva forte, batendo no chão, varrendo tudo e molhando o vidro. Queria que o mundo também participasse do seu luto. Sentia o sofrimento de toda uma vida. Doía na alma, doía no corpo. Sabia que nada mais seria como antes. Era hora de dizer adeus.
Mas como se despedir de tudo?O que fazer com os planos de viver juntos, de comprar um carro, de mobiliar o apartamento, de casar naquela igrejinha branca no fim da rua? Como não ter os filhos que já tinham nome? Como não brigar e fazer as pazes?Como não surpreender, não decepcionar, não trazer alegria?
O dia não combinava. Teimava em dizer que a felicidade não havia morrido. Que crianças que já tinham nome não paravam de nascer. Que casais juntavam os trapos e escolhiam a almofada pro sofá da sala. Que a igrejinha branca, no final da rua, brilhava reluzente ao calor do sol. O dia que não combinava dizia, que apesar da dor, as possibilidades continuavam seu trabalho de abrir caminho para muitos outros destinos.
O dia que não combinava estava ali para relembrar que o amor é dependente. Não nasceu para caminhar sozinho. Precisa de quatro pés, dois corações. Menos que isso não vinga, não desabrocha. Morre.
Tirou o véu que cobria o rosto e enxugou os restos mortais das lágrimas que ainda rolavam sobre a pele. O luto precisava terminar. Ninguem disse que seria fácil. Mas o dia estava lindo e era chegada a hora de dizer adeus para a saudade dolorida de tudo aquilo que não viveu.
Mas como se despedir de tudo?O que fazer com os planos de viver juntos, de comprar um carro, de mobiliar o apartamento, de casar naquela igrejinha branca no fim da rua? Como não ter os filhos que já tinham nome? Como não brigar e fazer as pazes?Como não surpreender, não decepcionar, não trazer alegria?
O dia não combinava. Teimava em dizer que a felicidade não havia morrido. Que crianças que já tinham nome não paravam de nascer. Que casais juntavam os trapos e escolhiam a almofada pro sofá da sala. Que a igrejinha branca, no final da rua, brilhava reluzente ao calor do sol. O dia que não combinava dizia, que apesar da dor, as possibilidades continuavam seu trabalho de abrir caminho para muitos outros destinos.
O dia que não combinava estava ali para relembrar que o amor é dependente. Não nasceu para caminhar sozinho. Precisa de quatro pés, dois corações. Menos que isso não vinga, não desabrocha. Morre.
Tirou o véu que cobria o rosto e enxugou os restos mortais das lágrimas que ainda rolavam sobre a pele. O luto precisava terminar. Ninguem disse que seria fácil. Mas o dia estava lindo e era chegada a hora de dizer adeus para a saudade dolorida de tudo aquilo que não viveu.
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Pica pau é o C...Meu nome é Zé Pinóquio!
Falar a verdade nunca foi fácil pra mim. Sempre inventei muita história. Era um grande cara de pau.Acho que usava a mentira pra ganhar o respeito da minha galera. É aquela coisa...Nunca fui o Brad Pitt. Tinha as pernas curtas e um nariz enorme. Mas tinha outras paradas grandes também, valeu? Ahahahahaha...Outras paradas, tamanho GG, sacou? Dã. Enquanto meu velho ralava pra me criar sozinho,eu só queria saber de farra. Faltava aula pra ver showzinho de marionete...Ficava amarradão. Mas aí conheci uma galera meio barra pesada. Só me davam linha. Numa dessas acabei me enrolando. Meti meu nariz onde não era chamado, dei aquela crescida e acabei tomando a maior volta dos caras. Fiquei perdido no mundo. Mas mesmo com a cabeça cheia de grilo, não deixava de fazer merda. Chegou o dia que em que eu disse pra mim: Parei. Vou voltar pro barraco, ficar do lado do meu velho. Aí tú imagina a minha piração quando descubro que ele caiu no mundo pra me procurar? Que tinha ido lá pras bandas da curtição da maresia? Fiquei de cara dura, irmão. Meu velho, metido em rabo de baleia por minha causa? Não ia deixar rolar! Meti o pé e resgatei o velho. Tava quase sendo engolido, brother. Maior covardia. Quando eu olho pra trás fico chocado com o rumo que deixei minha vida tomar. Tudo rolando alí, debaixo do meu nariz.
A gente aprende com os erros, né cara. Depois dessa, nasci de novo. Virei um homem de verdade! Parei com as más companhias, parei de seguir pras bandas da maresia. Esse mundo de caozeiro eu deixei pra tras. Lá pros becos de Brasília, sacou? Hahahahah, Caô, Brasília...Pode crer...Dã.
A gente aprende com os erros, né cara. Depois dessa, nasci de novo. Virei um homem de verdade! Parei com as más companhias, parei de seguir pras bandas da maresia. Esse mundo de caozeiro eu deixei pra tras. Lá pros becos de Brasília, sacou? Hahahahah, Caô, Brasília...Pode crer...Dã.
terça-feira, 29 de março de 2011
Frase no divã
Oi, tudo bem? Prazer, Eu Te Amo. Mas pode me chamar de Bom Dia, de Vírgula, de Obrigada...Olha, são tantas novas denominações que fico perdidinha... Oi? Ah...Antigamente era diferente, sim. Ninguem saía por aí dizendo à toa, Ei! Eu Te Amo! Era algo raro, sabe? Modéstia à parte, era um daqueles momentos considerados especiais. Olha só, está vendo? Só de lembrar, as exclamações se arrepiam todas! Ai,ai... Desculpe, a senhora me perguntava se...Ah! O que me trouxe até o consultório. Bem...Acho que é o excesso de trabalho que ironicamente me provocou aquele vazio de improdutividade,sabe? É o famoso dilema do século XXI. O de trocar a qualidade pela quantidade. Não me sinto mais fazendo a diferença no mundo. É como dormir sendo a pessoa mais influente do universo e acordar sendo apenas mais uma no meio da multidão. Me diga a senhora se isso não é deprimente? Eu acho. Cansei. Preciso, sem vírgula nem bom dia, me sentir valorizada novamente. Quero ser requisitada quando o amor estiver realmente aflito, batendo à porta, precisando sair da garganta para encontrar o sorriso. Quero ouvir o som dos susupiros, os gemidos, a umidade das lágrimas brotando nos olhos de quem me fala, ou me ver refletida nas lágrimas de quem me ouve bem baixinho ao pé do ouvido. Quero a poesia do meu lado, quero o cantarolar sem motivo, quero a alegria de viver porque simplesmente faço parte do vocabulário dos momentos especiais. Quero tudo isso, doutora. Ah, sim..Claro. Tenho a consciência de que para conseguir essa valorização, preciso da ajuda da sinceridade, da lealdade. E é aí que o bicho pega, não é? Palavras em falta, hoje em dia. Acho até que caíram em desuso.Mas não vou desistir porque sei que ainda existe gente por aí que me usa com propriedade. São poucas, verdade. Rola um boato de que estão em extinção. Fato é que elas persistem, fazem sua parte, e me evocam só quando oportuno, necessário. E é por elas que eu estou aqui,sabe?
Nosso tempo acabou?Bem que me disseram que passava rápido! Sim, sem problema. Marco outra consulta para mesmo horário na semana que vem. Muito obrigada e até lá, Dra. Esperança.
Nosso tempo acabou?Bem que me disseram que passava rápido! Sim, sem problema. Marco outra consulta para mesmo horário na semana que vem. Muito obrigada e até lá, Dra. Esperança.
sexta-feira, 25 de março de 2011
Répi bârfidei !
Gente, hoje minha querida irmã faz aniversário. Pensei em uma maneira de homenagea-la por aqui mas as idéias andavam murchas como os balões no fim da festa. Então me ocorreu uma característica desta aniversariante que me cativa muito. A arte de fazer altas viagens filosóficas. Ela é daquelas que olha para um congestionamento e fala: "Pra onde vão essas pessoas? Como é a vida delas?"
Daí me bateu aquele insight. Será que a aniversariante já filosofou sobre a origem do aniversário? Eu que também adoro uma viagem sóbria (marijuana? No,thanks!), aproveitei a deixa e descobri altas curiosidades sobre esse nosso costume de comemorar os aninhos de vida.
E não haveria melhor lugar para toda essa festança começar do que na Roma antiga! O "evento" de nome Dies Sollemnis natalis reunia o pessoal para a celebração. Há quem diga que os cantos escuros do lugar onde rolava a festinha eram ocupados pela galera do deus Baco!
O bolo surgiu na terra dos sarados, quem diria! Grécia! O segredo para não engordar por conta da delícia feita a base de pão e mel no formato de uma lua, era oferecer ele todinho pra deusa da fertilidade, Arthemis! Essa era magra de ruim. Só pode.
Daí pra começar a enfeitar o pavão, foi um pulo. As velas, vieram com o intuito de proteger o aniversariante contra el pueblo do mal, trazer boa sorte para o ano e a fumacinha que ela emanava, ia embora pra dar aquela força e levar os pedidos para os deuses lá no céu. O parabéns surgiu pra reforçar o desejo de felicidade e prosperidade.
Incrível foi saber que nós comemoramos o aniversário de Jesus há 2011 aninhos e, ele mesmo, nunca comemorou! Naquela época não tinha disso...
Quer saber mais curiosidades sobre o tema? Existem culturas que só celebram o aniversário 9 dias após a data de nascimento. Eles acreditam que assim atraem sorte e felicidade. Sorte eu não sei, mas uma gotinha de felicidade em se sentir por nove dias ainda mais jovem, é incrível!
O povo do Vietnam economiza mesmo e não quer nem saber. Lá não tem essa de aniversário. Todo mundo comemora junto, na virada do ano. Se não tiver amigo oculto também, me mudo pra lá a.g.o.r.a!
Hoje em dia a coisa deu uma modernizada. Além da festa, do bolo, das velas e do parabéns, temos também o costume descarado de fingir esquecer o presente e nunca entregar, além de submeter o aniversariante a humilhação pública com os famosos hits "Vou comer seu bolo", "Vim de Chevete" e "A chuva cai". Mas o sentimento de querer bem, de desejar ao homenageado toda a felicidade, saúde e amor, permanece viva.
Minha filósofa, eterna curiosa sobre as peculiaridades do mundo, PARABÉNS!!!! Amo-te!
quinta-feira, 24 de março de 2011
O assento está vago?
Tristeza. A palavra é nova. O sentimento, este sim, já nasceu pronto. Há 3,5 bilhões de anos, as primeiras moléculas que viviam brincando de se juntar naquela gororoba do oceano primitivo e, sem querer, deram origem a seres de maior complexidade, sentiram tristeza. Aposto que relembraram com saudades dos bons e velhos tempos, quando tudo era assim, mais "simples". Os dinossauros, soberanos do planeta por outros tantos milhões de anos, devem ter ficado muito tristes quando viram o letreiro subir com a palavra "FIM". A maior decepção já registrada na história da humanidade também serve de exemplo. Imaginem o quão pequenino ficou o coração do jovem (H)ebreu Jesus, que se deu ao trabalho de descer até a Terra para livrar a humanidade dos seus pecados e foi apunhalado e morto daquela forma horrorosa? Dá pra entender a tristeza profunda das moléculas...
Seria possível viver num mundo onde não houvesse a tristeza? Há quem defenda a idéia de que ela precise existir para dar um tempero especial à vida. Tom, Vinícius e tantos outros, ganharam fama e fizeram muita gente suspirar, alimentando sentimentos nada alto astrais. Vinícius em sua música FELICIDADE afirmou, categórico, que a tristeza não tinha fim.
Que o poeta me perdoe mas, não acredito na vida marcante da Senhorita T. Assim como tudo na vida, ela morre. E renasce. Mas sempre que ela ressurgir das cinzas, cabe a nós evitá-la a todo custo. Ignore-a. Mande-a embora. Diga que não tem trocado. Tristeza é amiga de ninguém, companheira dos piores elementos que se possa imaginar. Sempre disponível para acrescentar NADA na nossa vida. Não beba por ela, não fume por ela (não chore por ela!), não cometa loucuras em nome dela. Ela definitivamente não merece. Acredite em você porque a felicidade, movida a confiança e alegria, sentará logo ao seu lado.
P/ A.S
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